Autismo e sexualidade

por Dr. Peter F. Gerhardt

Embora geralmente seja difícil falar de uma forma aberta e honesta, sexo e sexualidade são fundamentais para a nossa compreensão de nós mesmos como indivíduos e são parte integrante nossa determinação individual de qualidade de vida. Ao contrário de alguns preconceitos sobre instrução da sexualidade, ela não é projetada para estimular, despertar ou excitar e não foca principalmente o ato físico de ter relações sexuais. A instrução da sexualidade, em vez disso, centra-se primeiro e acima de tudo em segurança pessoal e autoconhecimento. Assim, apesar da educação sexual poder ser assustadora e complexa, ela deve ser considerada um elemento integrante de um plano de transição abrangente supondo que a meta de um plano de educação é ser um adulto seguro, competente e confiante.

Talvez surpreendentemente, educação da sexualidade comece muito cedo na vida (diferenças entre meninos e meninas; uso do quarto de meninos ou quarto de meninas, etc.) e continua na idade adulta (namoro, casamento e paternidade ou maternidade). Educação sexual compreensiva consiste na instrução em três áreas de conteúdo distintos (embora inter-relacionados): 1) fatos básicos e segurança pessoal; 2) Valores individuais e; 3) Competência social. Como tal, o foco educativo em algumas habilidades básicas de segurança devem ser consideradas necessárias e apropriadas para indivíduos no espectro do autismo Essas habilidades incluem, mas não se limitam a, fechar e trancar as portas dos banheiro ou das cabines, compreender a privacidade pessoal e quem pode e quem não pode ajudá-lo no banheiro ou com habilidades de cuidados pessoais, identificação das partes do corpo usando terminologia adulta (por exemplo, o pênis em vez de pipi), usar sanitários de forma independente, a restrição de nudez no banheiro ou quarto particular, e a questão de espaço íntimo para si e para os outros.

Educação sexual com alunos portadores de ASD [1] é frequentemente considerada como um "problema, pois ela não é uma emergência, ou é uma emergência porque é vista como um problema." (Koller, 2000, p. 126), Na prática, isto significa que geralmente ignoramos a sexualidade no que se refere aos alunos com ASD até isso se tornar um problema no ponto que geralmente consideramos como um grande problema. Uma abordagem mais eficaz, adequada e, ideal, é conversar sobre sexualidade como mais um, embora complexo, foco educativo; ensinar o que promove a capacidade individual para ser mais seguro, mais independente e mais integrada em suas próprias comunidades resultando em uma qualidade de vida mais positiva.

[1]  ASD. Sigla em inglês para "Autism spectrum disorder" e traduzido para a língua portuguesa como "Transtorno do espectro do autismo" ou ainda "Desordens do espectro autista".

Texto original: Autism and Sexuality. Disponível em http://www.autismspeaks.org/family-services/tool-kits/transition-tool-kit/health (acesso em 3 de novembro de 2014)

Referências:

AUTISMO E REALIDADE. Manual Transição Para a Vida Adulta. 2008. p. 98.

KOLLER, Rebbecca. Sexuality and adolescents with autism. Sexuality and Disability. Vol. 18, nº 2. 2000. p. 125-135.

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